Para já, ninguém quer comentar o tema.

O primeiro dia da visita de Bento XVI a Portugal ficou marcado pela revelação de um caso de controle anti-doping positivo entre os peregrinos de Fátima. Trata-se de Maria Imaculada, uma veterana de 56 anos com mais de 30 peregrinações nacionais no currículo, além de participações em diversas romarias internacionais. A beata, no entanto, nega as acusações: «O Senhor é minha testemunha: estou inocente. Não cometi qualquer ato ilícito, sempre agi de boa-fé e se durante o caminho entoei alguma oração dopante foi por desconhecimento», afirmou, em exclusivo para o Jornal do Fundinho.
Maria Imaculada reconhece, ainda assim, ter rezado uma "Consagração ao Imaculado Coração de Maria" perto de Pombal, «mas apenas para curar uma constipação, nem sequer faz parte da lista de orações proibidas», admitindo ter sido enganada por outro peregrino. «Houve uma pessoa que me deu um pequeno livro com vários textos muito bonitos, mas todos em português do Brasil», refere, para acrescentar: «Cheguei a rezar uma "Novena a Santa Luzia, Protetora Contra as Doenças dos Olhos", derivado às luzes dos carros à noite me estarem a fazer comichão, mas não vejo escrito em lado nenhum que não se pode rezar com sotaque». A devota não hesita mesmo em criticar algumas omissões importantes dos regulamentos das peregrinações em território nacional, culpando a Conferência Episcopal Portuguesa: «Não está regulamentado, por exemplo, se estando eu a peregrinar pela Virgem de Fátima, posso rezar uma "Novena em Honra de Santa Teresinha do Menino Jesus", ou se, caso esteja a arrastar-me de joelhos pela graça de São Gonçalo de Amarante, me é permitida uma "Ladainha de Santa Isabel"».
Impedida preventivamente de participar em mais peregrinações, Maria Imaculada garante que irá «onde tiver que ir para provar a minha inocência... e claro que irei de joelhos, como é meu apanágio». Para já, e apesar de desejar que o recurso que apresentou seja rapidamente apreciado, irá dedicar-se ao passeio pedestre e à genuflexão a título meramente recreativo. «Peregrinar é a minha vida. Para mim, é tão natural como caminhar», justifica.
Apesar de, até ao momento, ainda ninguém da hierarquia da Igreja Católica se ter mostrado disponível para se pronunciar sobre este caso, teme-se que ele possa vir a prejudicar a estada de Bento XVI em Portugal. Se os jornalistas portugueses não fossem estranhamente incapazes de fazer ao Papa perguntas que fariam a qualquer outra pessoa, a situação poderia mesmo ser bastante problemática.

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