Gaspar autoriza despesas de legendagem na Cinemateca se for contratada empresa de tradução de que Passos é administrador
10 outubro, 2012
A Cinemateca é um lugar estranho... e não o dizemos só para fazer um trocadilho com o filme.
Depois de ter sido anunciado que, devido a restrições orçamentais, a Cinemateca Portuguesa passaria a exibir filmes sem legendas, foi o próprio ministro das Finanças que contactou aquele organismo para dar conta de que autorizaria todas as despesas com a legendagem, desde que fosse contratada uma empresa de traduções cujo administrador é Pedro Passos Coelho. «Teria muita pena de que os espectadores da Cinemateca pudessem ser prejudicados na sua experiência cinéfila. Certamente, já terão reparado que as minhas próprias comunicações bem poderiam ser monólogos retirados de filmes suecos», explicou Vítor Gaspar.

O ministro das Finanças refutou as críticas de tráfico de influência e afirmou mesmo que não percebia como essa suspeita havia surgido neste caso: «Já imaginou uma conversa entre mim e a Maria João Seixas? Uma gaga e um disléxico estavam a conversar... Isto mais parece o início de uma anedota do que uma conspiração». Confrontado também com o caso da empresa de formação gerida pelo primeiro-ministro que dominou um fundo que Miguel Relvas superintendia, Gaspar assegurou que, em ambas as situações, tudo foi feito de forma transparente: «É a grande vantagem de vivermos em Portugal: por mais vergonhosa que a coisa seja, podemos fazê-la às claras que não nos acontece nada».
A proposta de Vítor Gaspar deixou indignados diversos intelectuais portugueses, os quais, depois se recusarem a prestar declarações, tomaram posição da única forma que um intelectual o sabe fazer: através de um manifesto. Nesse documento, declaram-se «enojados», não com o facto de o poder político estar a favorecer interesses pessoais, mas de os filmes de Ingmar Bergman, Krzysztof Kieslowski ou Andrei Tarkovsky voltarem a ter legendas. «Desta forma, como é que nós, verdadeiros intelectuais, nos poderemos distinguir da populaça que mal sabe ler português?», questionam.
Depois de ter sido anunciado que, devido a restrições orçamentais, a Cinemateca Portuguesa passaria a exibir filmes sem legendas, foi o próprio ministro das Finanças que contactou aquele organismo para dar conta de que autorizaria todas as despesas com a legendagem, desde que fosse contratada uma empresa de traduções cujo administrador é Pedro Passos Coelho. «Teria muita pena de que os espectadores da Cinemateca pudessem ser prejudicados na sua experiência cinéfila. Certamente, já terão reparado que as minhas próprias comunicações bem poderiam ser monólogos retirados de filmes suecos», explicou Vítor Gaspar.

Gaspar e Passos tratam de negócios [foto E. Calhau]
O ministro das Finanças refutou as críticas de tráfico de influência e afirmou mesmo que não percebia como essa suspeita havia surgido neste caso: «Já imaginou uma conversa entre mim e a Maria João Seixas? Uma gaga e um disléxico estavam a conversar... Isto mais parece o início de uma anedota do que uma conspiração». Confrontado também com o caso da empresa de formação gerida pelo primeiro-ministro que dominou um fundo que Miguel Relvas superintendia, Gaspar assegurou que, em ambas as situações, tudo foi feito de forma transparente: «É a grande vantagem de vivermos em Portugal: por mais vergonhosa que a coisa seja, podemos fazê-la às claras que não nos acontece nada».
A proposta de Vítor Gaspar deixou indignados diversos intelectuais portugueses, os quais, depois se recusarem a prestar declarações, tomaram posição da única forma que um intelectual o sabe fazer: através de um manifesto. Nesse documento, declaram-se «enojados», não com o facto de o poder político estar a favorecer interesses pessoais, mas de os filmes de Ingmar Bergman, Krzysztof Kieslowski ou Andrei Tarkovsky voltarem a ter legendas. «Desta forma, como é que nós, verdadeiros intelectuais, nos poderemos distinguir da populaça que mal sabe ler português?», questionam.
Etiquetas: Artes+Media