Leilão do espólio de Pessoa causa reacções diversas
15 novembro, 2008
Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro já tomaram posição
O leilão de parte do espólio de Fernando Pessoa, que decorreu anteontem no Centro Cultural de Belém, continua a dar que falar. Depois de uma tentativa da Câmara Municipal de Lisboa para impedir a sua realização, apresentando uma providência cautelar, e de parte das peças não terem sido licitadas, são agora os heterónimos pessoanos que não se entendem quanto ao destino a dar ao conjunto dos objectos pertencentes ao seu ortónimo, segundo apurou, em absoluto exclusivo, o Jornal do Fundinho.
«O que há a dizer sobre tudo isto? Adianta que eu diga algo? Se não disser, é indiferente? E não é tudo indiferente? E inútil. E se tudo é inútil, este leilão é inútil, como inútil será eu considerá-lo inútil ou considerá-lo outra coisa qualquer. Eu não acredito em classificar nada como sendo alguma coisa. Aliás, eu não acredito em nada», afirmou Álvaro de Campos, antes de se despedir com um «Adeus ó Esteves!»
Já o heterónimo Ricardo Reis definiu toda esta situação como «mais uma prova da passagem da vida, que por isso devemos contemplar e aceitar, sem a questionar constantemente». Reis quis ainda referir-se à possibilidade de o Estado vir a exercer o direito de preferência sobre alguns dos lotes leiloados: «Aceitemos tranquilamente o cheque que vier parar às nossas mãos, venha ele de onde vier. E pensemos em todo o prazer que conseguiremos pagar com a choruda verba que nos permitirá governar-nos e à nossa libido e fome até ao fim inexorável».
A possível aquisição pelo Estado dos bens de Pessoa foi, de resto, o único tema que Alberto Caeiro aceitou abordar, declarando que «a possível compra pelo Ministério da Cultura não é mais do que uma compra pelo Ministério da Cultura... se alguém vê mais do que uma compra, é porque o que de mais vê existe em si mesmo». Aquele que é considerado o mestre entre os heterónimos pessoanos não quis também esclarecer qual das peças a leilão seria a mais valiosa para si: «Uma contracapa é só uma contracapa. As contracapas existem, mas não são mais do que a superfície ligada à lombada que costuma conter um texto de apresentação e diversos outros elementos... Quem alguma vez inferiu mais do que isto de uma contracapa está doente dos olhos».
Nenhum dos heterónimos de Fernando Pessoa quis comentar a presença no leilão do semi-heterónimo Bernardo Soares, que, por seu turno, entendeu também não prestar declarações, a não ser para desmentir que estivesse acompanhado por Vicente Guedes. «Pessoa que, aliás, nunca vi mais gordo», declarou.
O leilão de parte do espólio de Fernando Pessoa, que decorreu anteontem no Centro Cultural de Belém, continua a dar que falar. Depois de uma tentativa da Câmara Municipal de Lisboa para impedir a sua realização, apresentando uma providência cautelar, e de parte das peças não terem sido licitadas, são agora os heterónimos pessoanos que não se entendem quanto ao destino a dar ao conjunto dos objectos pertencentes ao seu ortónimo, segundo apurou, em absoluto exclusivo, o Jornal do Fundinho.
«O que há a dizer sobre tudo isto? Adianta que eu diga algo? Se não disser, é indiferente? E não é tudo indiferente? E inútil. E se tudo é inútil, este leilão é inútil, como inútil será eu considerá-lo inútil ou considerá-lo outra coisa qualquer. Eu não acredito em classificar nada como sendo alguma coisa. Aliás, eu não acredito em nada», afirmou Álvaro de Campos, antes de se despedir com um «Adeus ó Esteves!»
Já o heterónimo Ricardo Reis definiu toda esta situação como «mais uma prova da passagem da vida, que por isso devemos contemplar e aceitar, sem a questionar constantemente». Reis quis ainda referir-se à possibilidade de o Estado vir a exercer o direito de preferência sobre alguns dos lotes leiloados: «Aceitemos tranquilamente o cheque que vier parar às nossas mãos, venha ele de onde vier. E pensemos em todo o prazer que conseguiremos pagar com a choruda verba que nos permitirá governar-nos e à nossa libido e fome até ao fim inexorável».
A possível aquisição pelo Estado dos bens de Pessoa foi, de resto, o único tema que Alberto Caeiro aceitou abordar, declarando que «a possível compra pelo Ministério da Cultura não é mais do que uma compra pelo Ministério da Cultura... se alguém vê mais do que uma compra, é porque o que de mais vê existe em si mesmo». Aquele que é considerado o mestre entre os heterónimos pessoanos não quis também esclarecer qual das peças a leilão seria a mais valiosa para si: «Uma contracapa é só uma contracapa. As contracapas existem, mas não são mais do que a superfície ligada à lombada que costuma conter um texto de apresentação e diversos outros elementos... Quem alguma vez inferiu mais do que isto de uma contracapa está doente dos olhos».
Nenhum dos heterónimos de Fernando Pessoa quis comentar a presença no leilão do semi-heterónimo Bernardo Soares, que, por seu turno, entendeu também não prestar declarações, a não ser para desmentir que estivesse acompanhado por Vicente Guedes. «Pessoa que, aliás, nunca vi mais gordo», declarou.
Etiquetas: Artes+Media
1 comentário(s):
Grande pessoa..o homem com uma alma dividida em 1000..:)
por
Marco Rebelo, 16 novembro, 2008